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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Nos Labirintos da Mãe e do Pai / J.M.J.

Naqueles olhos, tudo começa.

Um abraço que não é abraço,

mas uma prisão disfarçada de carinho,

um olhar que traça um caminho

onde o desejo se confunde com o medo.

 

Eu vejo o corpo deles

como silhuetas desenhadas à pressa,

um contorno apagado daquilo que procuro,

um pedaço de mim que nunca

será completo.

 

Entre as suas mãos,

o mundo e a fome,

o querer que se veste de amor,

mas se perde no poder

de quem nunca cede

ou de quem, sem saber,

cede demais.

 

Há um campo de batalha

onde ninguém vence,

onde o desejo se rasga,

onde o pai e a mãe se tornam

sombras longas de uma figura ausente.

 

E eu, que sou metade deles,

procuro o meu rosto

nas mãos que me afastam

e nas palavras que nunca disseram.

 

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