Naqueles olhos, tudo começa.
Um abraço que não é abraço,
mas uma prisão disfarçada de carinho,
um olhar que traça um caminho
onde o desejo se confunde com o medo.
Eu vejo o corpo deles
como silhuetas desenhadas à pressa,
um contorno apagado daquilo que procuro,
um pedaço de mim que nunca
será completo.
Entre as suas mãos,
o mundo e a fome,
o querer que se veste de amor,
mas se perde no poder
de quem nunca cede
ou de quem, sem saber,
cede demais.
Há um campo de batalha
onde ninguém vence,
onde o desejo se rasga,
onde o pai e a mãe se tornam
sombras longas de uma figura ausente.
E eu, que sou metade deles,
procuro o meu rosto
nas mãos que me afastam
e nas palavras que nunca disseram.
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