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sexta-feira, 25 de julho de 2025

No Vazio Onde Habitamos / J.M.J.

Vivemos num buraco do céu,

um supervazio, dizem os sábios,

tão vasto que a luz se perde

e o tempo hesita.

 

Dois mil milhões de anos-luz

de ausência e mistério,

como se o universo ali tivesse esquecido

de existir.

 

E nós, no meio,

a medir a expansão

com réguas feitas de estrelas

e dúvidas antigas.

 

A luz longínqua sussurra

uma dança lenta,

mas aqui, perto,

as galáxias correm como se fugissem de algo.

 

Talvez não fujam,

talvez o próprio espaço

seja uma ilusão moldada pela nossa posição,

como um lago distorcido visto do fundo.

 

Einstein escuta, inquieto,

e a matéria escura estremece

à beira da teoria que ousa

tocar na gravidade com mãos novas.

 

Se MOND for verdade,

não há escuridão a ocultar,

só a Lei mal compreendida

a tentar acordar.

 

E nós,

órfãos de certezas,

vivemos no vazio como num ventre cósmico,

esperando que algo nos revele

não onde estamos,

mas o que somos

quando o universo nos olha de volta.

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