Se a tristeza bater à porta,
não finjas que não a ouves,
abre-lhe,
deixa que entre, que se sente à tua mesa,
que diga o que tem a dizer.
Não lhe entregues o teu nome,
nem o leito onde repousas,
mas não a expulses como quem renega o humano.
Há dores que não são só tuas,
há guerras que não vês,
feridas que não sangram no teu corpo,
mas doem na carne do mundo.
Não é fidelidade à alegria que se exige,
mas compromisso com a lucidez,
com o gesto que se estende,
com o pão que se reparte,
com a chama que resiste à noite.
A alegria verdadeira não é exílio da tristeza,
é o seu contraponto justo,
o lume que se acende
não para esquecer,
mas para cuidar.
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