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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Nau Perdida II / J.M.J.

Na hesitação que antecede o ímpeto,

o pensamento luta, nau sem âncora,

aprisionado às teorias de um vencedor solitário.

 

Cercado por um oceano de dúvidas e sombras,

sente-se frágil a embarcação à deriva,

no desassossego revolto das marés,

onde cada onda é uma passagem,

e o leme das emoções vacila na tormenta.

 

O céu, denso de luto e silêncio,

nega constelações ao olhar errante,

os espíritos das estrelas não guiam o instinto,

e a terra torna-se miragem distante,

não idealizada entre o desejo e o medo.

 

O porto, outrora promessa de abrigo,

dissolve-se na névoa das incertezas,

onde o pragmatismo da falsa calmaria

se entrelaça às utopias das verdades fugidias,

e as amarras que pendem à proa do futuro

desfazem-se na correnteza do tempo.

 

Sem ventos de esperança a inflar as velas,

sem praias que acendam promessas de chegada,

a nau cede ao peso do próprio vazio,

como fateixa lançada ao abismo dos medos,

afundando-se na tristeza sem margens da própria existência.

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