Na hesitação que antecede o ímpeto,
o pensamento luta, nau sem âncora,
aprisionado às teorias de um vencedor solitário.
Cercado por um oceano de dúvidas e sombras,
sente-se frágil a embarcação à deriva,
no desassossego revolto das marés,
onde cada onda é uma passagem,
e o leme das emoções vacila na tormenta.
O céu, denso de luto e silêncio,
nega constelações ao olhar errante,
os espíritos das estrelas não guiam o instinto,
e a terra torna-se miragem distante,
não idealizada entre o desejo e o medo.
O porto, outrora promessa de abrigo,
dissolve-se na névoa das incertezas,
onde o pragmatismo da falsa calmaria
se entrelaça às utopias das verdades fugidias,
e as amarras que pendem à proa do futuro
desfazem-se na correnteza do tempo.
Sem ventos de esperança a inflar as velas,
sem praias que acendam promessas de chegada,
a nau cede ao peso do próprio vazio,
como fateixa lançada ao abismo dos medos,
afundando-se na tristeza sem margens da própria existência.
Sem comentários:
Enviar um comentário