Na dobra do tempo, onde as fronteiras se desfazem,
a sombra do poder se estende pelas veias da terra,
dizendo-nos que o futuro é um campo de ruínas,
mas que é possível colher flores no pântano do medo.
Nos olhos de vidro, brilham as imagens distorcidas,
silêncio fabricado pelas mãos que tocam os fios da mentira.
A nossa mãe, velha mulher de muitas línguas e desejos,
aperta a mão do medo, sem saber a quem se entregar.
O horizonte esgarçado é um pedaço de sonhos partidos,
mas no ar, a semente da esperança germina em formas invisíveis.
Somos o vento, que ao mesmo tempo que divide,
tece redes invisíveis de forças invisíveis que nos unem.
E os rios que separam, nos braços das montanhas,
são só ecos de um passado que insiste em habitar o presente,
esquecendo que o futuro é um terreno sem cercas,
onde a liberdade só nas mãos possa florir.
A lei não é mais arma de ferro, mas asa de compaixão,
criada para abraçar, não para separar.
O poder não é mais propriedade de poucos,
mas força coletiva que nos impulsiona,
como um mar que levanta todos os barcos com a mesma onda.
Na terra que cultiva a justiça,
cada ser tem sua dignidade,
não como um valor, mas como uma centelha comum,
que ilumina a estrada que devemos seguir.
E onde a ideologia se curva diante da vida,
a diversidade se torna harmonia,
o todo ressurge na multiplicidade dos rostos,
mas com a alma de um só espírito.
Então, uni-vos,
não como peças em um tabuleiro,
mas como estrelas em um céu que não entende a escuridão.
A força comum não é um peso,
mas a luz que nos guia, sem gritos, sem bandeiras.
Quando a última palavra se perder nas sombras,
o último suspiro da divisão ecoar na noite,
seremos todos a mesma terra, a mesma água,
dissolvidos no abraço que nem o tempo pode romper.
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