Enoc foi levado ao alto de uma montanha de silêncio,
onde nem os anjos ousavam cantar,
e ali, viu um trono vazio, abandonado pelo orgulho,
e, à sua frente, uma árvore de raízes invisíveis,
cujo fruto ainda não nascera.
Então, escutou uma voz sem nome:
"Antes de todas as luzes, antes da primeira
palavra,
existia o Filho do Homem;
não sentado, mas caminhando,
não coroado, mas de mãos nuas,
não acima, mas entre."
Enoc viu que Ele não lançava trovões,
nem exigia ajoelhar.
A sua força era a compaixão,
e o seu poder era não dominar.
Foi-lhe dito que o mundo o rejeitara muitas vezes,
porque Ele não se impunha, apenas esperava,
e agora, de novo, estava a germinar,
não no céu, não nas pedras do templo,
mas num escolhido;
alguém feito de pó e memória,
alguém que ainda duvidava, mas escutava.
"Não foi no trono que pus a minha morada,"
disse a voz,
foi num coração que ainda teme,
mas que ama mesmo assim."
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