No princípio, os anjos viam.
Não adoravam, contemplavam.
Do alto, sentiam o pulsar do mundo como se fosse um
eco do próprio coração,
e o coração, que em nada se move sem amor, começou a
inclinar-se para baixo.
Viram a beleza da carne, sim,
mas viram também a sede, o medo, a solidão,
e não desceram por desejo, desceram por compaixão,
e ao tocarem o chão, perderam as asas que o céu não
quis partilhar.
Chamaram-lhes caídos,
mas não caíram.
Foram os primeiros a ajoelhar-se diante do humano.
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