Seguidores

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Entre o Ouro e a Ira /J.M.J.

O deserto era um mar de ausência,

e os passos do guia haviam sumido nas dunas.

As mãos vazias moldaram um reflexo dourado,

um nome sem eco, um rosto sem trovões.

 

Mas o fogo desceu, não como aurora,

não como promessa,

mas como lâmina sobre a carne que duvida.

 

Não houve perguntas,

não houve escuta,

só a espada dos que acreditam

e a praga sobre os que hesitam.

 

Pois não há fuga no reino

onde um só olhar pode incendiar um povo inteiro.

Não há espaço para o erro

quando o medo escreve as leis na pedra.

 

E assim, o ouro se desfez em cinza,

mas os corpos, esses permaneceram como preces recusadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário