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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Alquimia do Toque

Há um deus escondido na saliva,

um sopro antigo que acende os corpos

sem se anunciar.

 

Quando as bocas se encontram,

as muralhas cedem

e o mundo reduz-se a um fio

de pele e chama.

 

O beijo é uma faísca de laboratório:

liberta dopamina como se fosse

um prémio que o corpo reconhece

antes da mente.

 

A oxitocina derrama-se sem nome,

como leite quente sobre a noite,

e há paz,

paz urgente,

paz carnal,

paz que vicia.

 

O cortisol esvai-se,

e ficamos nus

do medo.

 

Há saliva e segredos trocados

como se o beijo fosse

a primeira língua do mundo.

Há feromonas a decifrar mapas

que os olhos não veem

e o coração já sabe.

 

O beijo

é ciência a ferver no escuro,

um pacto entre o instinto e a ternura,

onde a libido

reconhece a sua casa.

 

Por isso, sê boca acesa,

sê alquimia viva.

Beija

como quem salva o tempo,

como quem oferece pão ao que falta,

como quem sabe

que o beijo

é um bem urgente.

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