Há um deus escondido na saliva,
um sopro antigo que acende os corpos
sem se anunciar.
Quando as bocas se encontram,
as muralhas cedem
e o mundo reduz-se a um fio
de pele e chama.
O beijo é uma faísca de laboratório:
liberta dopamina como se fosse
um prémio que o corpo reconhece
antes da mente.
A oxitocina derrama-se sem nome,
como leite quente sobre a noite,
e há paz,
paz urgente,
paz carnal,
paz que vicia.
O cortisol esvai-se,
e ficamos nus
do medo.
Há saliva e segredos trocados
como se o beijo fosse
a primeira língua do mundo.
Há feromonas a decifrar mapas
que os olhos não veem
e o coração já sabe.
O beijo
é ciência a ferver no escuro,
um pacto entre o instinto e a ternura,
onde a libido
reconhece a sua casa.
Por isso, sê boca acesa,
sê alquimia viva.
Beija
como quem salva o tempo,
como quem oferece pão ao que falta,
como quem sabe
que o beijo
é um bem urgente.
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