Morreu um homem que o mundo considerava santo.
Vejo os olhos marejados,
os sinos a dobrar,
as palavras grandes a descrever o seu caminho.
Mas em mim
nenhum estremecimento.
Nem frio, nem calor.
Só a brisa morna de um facto consumado.
Não o conheci,
não o temi,
não o amei.
Seguiu a sua estrada, entre paredes espessas,
discursos medidos,
e um trono onde talvez tivesse medo.
Não o acuso,
não o celebro.
Olho-o como se olha uma árvore tombada ao longe:
respeito a queda,
mas não me inclino.
Cumpriu o que pôde,
ou o que deixaram
e talvez isso seja tudo o que se pode dizer
de qualquer um de nós
ao fim do dia.
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