Na borda da aurora, um homem olhou para o céu,
não por resposta, mas pelo eco de um grito antigo,
que se perde na espiral das palavras inventadas.
Não havia leis a governar as estrelas.
Nem a carne do homem, outrora pintada de ouro,
se rendia aos olhos cegos daquilo que chamam Deus.
Eles disseram: "Assim se ergue a verdade",
mas a verdade tinha mil faces,
e nenhuma delas sorria.
Os que construíram altares e leis,
esqueceram-se do gosto da terra,
do toque da pele que não se curvava.
Em cada pedra, uma sentença:
“Quem é o homem para questionar o céu?”
Mas o céu nunca foi mais que um reflexo
do olhar daqueles que calaram o vento.
E a terra, que grita na sua liberdade,
nunca soube de um pecado.
De que serve um Deus que ordena,
quando a ordem é só um muro,
um reflexo de mãos sujas,
tentando controlar aquilo que pulsa na alma?
Onde está o direito do homem à sua liberdade?
Onde está a essência que não se dobra
nem ao fogo, nem à lâmina de um passado inventado?
Na aurora da nova humanidade,
nós, que não conhecemos os nomes de deuses
ou o peso das correntes,
caminharemos na terra, sem medo,
pois o céu não é mais que o reflexo do nosso olhar,
e a carne que tocamos é apenas o que somos.
Quem ousaria escrever a história novamente,
se a história foi feita de mentiras enraizadas?
Aquele que dita as palavras não conhece o coração,
e quem se curvou às suas próprias mãos
não pode mais carregar a chave da verdade.
Pois, o homem que nunca se submete
é o homem que finalmente será livre.
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