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segunda-feira, 7 de julho de 2025

A Forja / J.M.J.

— Onde estás, alma quebrada,

quando o fogo arde sem misericórdia?

 

— Estou no lume, despido e nu,

senti o ardor da solidão e do aço,

mas aprendo a ser ferro temperado.

 

— O que a dor te ensinou que antes não sabias?

 

— Que as chamas não consomem,

mas limpam o que impede o brilho,

e que o verdadeiro aço é forjado na chama do abandono.

 

— E o que nasce desse fogo inclemente?

 

— Nasce o corpo renovado,

a vontade que não cede,

a chama que não se apaga,

a coragem de quem sabe que o passado arde para abrir caminho.

 

— Mas ainda há cicatrizes?

 

— Sempre, pois são mapas da jornada,

não feridas que pedem cura,

mas sinais de que resisti ao fogo e sobrevivi.

 

— Então segues a forja sem medo?

 

— Sim, pois sei que a transformação é eterna,

e que cada queda e cada chama

são passos para o ser que habita além do medo.

 

 

(Há dores que não vêm para destruir, mas para transformar.

A alma, como o ferro, precisa do fogo para revelar a sua forma verdadeira.

Este poema é sobre o lugar da prova, da lapidação.

Onde o ser é colocado na forja da existência — e tudo o que é superficial se queima, para que o essencial possa emergir.

Nem tudo o que arde é ruína. Às vezes, é revelação.

Que estas palavras possam acompanhar os que atravessam o fogo,

lembrando que mesmo a dor tem propósito —

e que da sombra da brasa nasce, silenciosamente, o ouro da consciência.)

 

 

 

 

 

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