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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Seguindo os Sinais / J.M.J.

No princípio, era a palavra,

e a palavra era fogo, era sopro, era fonte.

Nascia sem forma e sem nome,

mas vibrava nas sombras dos tempos,

ecoava nos veios secretos do vento,

abria fendas no silêncio dos mundos.

 

Era amor antes do amor ser dito,

antes do homem saber-se homem,

antes do tempo se ver ao espelho e dizer-se tempo.

 

E tu, que me escutas sem ouvir,

que me lês sem ler,

sabes que há letras que se dobram sobre si mesmas,

cifras ocultas em labirintos de luz,

segredos escritos no osso da eternidade.

 

Pois bem, escuta:

as palavras são a trama do destino,

o tear onde os deuses tecem a noite e o dia.

Cada sílaba contém o grito e o sussurro,

o início e o abismo,

o verbo e o vazio.

 

E no meio do verbo, a semente.

E na semente, o amor.

Um amor que fere e cura,

que rasga o peito para libertar o pássaro,

que destrói muralhas para erguer pontes,

que é lâmina e bálsamo,

que é febre e mar.

 

Amor que sangra os nós do medo,

que abre os olhos de quem sonha de olhos fechados,

que dança na boca dos loucos

e na mente dos sábios.

 

Vem, abre o espírito,

desprende a alma da carne do tempo,

ouve a harpa das palavras

e os trovões do silêncio.

 

Que cada verso seja um sopro,

um passo na areia do infinito,

um farol para os que vêm depois.

 

Porque a poesia não é apenas dita.

É escrita nas estrelas,

é tatuada no sangue,

é sussurrada pelo vento

e eternizada no coração dos que sabem ver.

 

E seguindo os sinais,

que o amor floresça,

que a humanidade desperte,

que o verbo se faça luz.

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