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segunda-feira, 7 de julho de 2025

No Ventre do Silêncio / J.M.J.

Não há luz,

não há nome,

nem há pele que segure a forma do que fomos.

 

Há um ventre antigo,

escuro como a origem,

onde tudo arde em silêncio.

 

Não viemos aqui para preservar o passado,

mas para queimar a pele velha

no altar do que ainda não nasceu.

 

As vozes que gritavam dentro

emudecem,

não por medo,

mas porque algo maior respira entre os ossos.

 

Uma chama sem rosto

cresce onde antes havia rosto,

e chama por nós

não com palavras,

mas com ausência.

 

A alma recolhe-se,

como maré que pressente o eclipse,

e espera,

espera.

Espera,

porque sabe

que o renascimento não se apressa.

 

Os olhos que atravessaram a noite

não voltarão os mesmos.

 

Porque o tempo,

aqui,

é ventre,

é fénix,

é silêncio que gesta

um novo mundo por dentro.

 

E quem ousar

atravessá-lo

não trará respostas,

mas trará

presença.

 

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