Não há luz,
não há nome,
nem há pele que segure a forma do que fomos.
Há um ventre antigo,
escuro como a origem,
onde tudo arde em silêncio.
Não viemos aqui para preservar o passado,
mas para queimar a pele velha
no altar do que ainda não nasceu.
As vozes que gritavam dentro
emudecem,
não por medo,
mas porque algo maior respira entre os ossos.
Uma chama sem rosto
cresce onde antes havia rosto,
e chama por nós
não com palavras,
mas com ausência.
A alma recolhe-se,
como maré que pressente o eclipse,
e espera,
espera.
Espera,
porque sabe
que o renascimento não se apressa.
Os olhos que atravessaram a noite
não voltarão os mesmos.
Porque o tempo,
aqui,
é ventre,
é fénix,
é silêncio que gesta
um novo mundo por dentro.
E quem ousar
atravessá-lo
não trará respostas,
mas trará
presença.
Sem comentários:
Enviar um comentário