Não sei o caminho,
nem sequer sei onde começa.
Parto sempre tarde,
pela rua errada,
por um trilho que inventa curvas
onde havia chão plano.
Perco-me,
mas há um tipo de verdade no
perder-se:
uma voz que não aponta,
mas murmura por dentro
coisas que não entendo
e mesmo assim sigo.
Os outros têm mapas,
eu tenho silêncios que puxam,
tenho abismos que brilham
mais do que qualquer farol.
Não é que procure o desvio,
ele é que me escolhe,
como se soubesse
que em mim
não há estrada
que não precise de ser também
travessia.
E assim vou,
de recuo em recuo,
como quem dança
sem saber os passos,
mas reconhece o chão
porque a alma estremece.
Talvez não saiba
onde estou,
mas há algo que me sabe
onde devo ir.
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