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terça-feira, 8 de julho de 2025

Mapa em Espiral

Não sei o caminho,

nem sequer sei onde começa.

Parto sempre tarde,

pela rua errada,

por um trilho que inventa curvas

onde havia chão plano.

 

Perco-me,

mas há um tipo de verdade no perder-se:

uma voz que não aponta,

mas murmura por dentro

coisas que não entendo

e mesmo assim sigo.

 

Os outros têm mapas,

eu tenho silêncios que puxam,

tenho abismos que brilham

mais do que qualquer farol.

 

Não é que procure o desvio,

ele é que me escolhe,

como se soubesse

que em mim

não há estrada

que não precise de ser também travessia.

 

E assim vou,

de recuo em recuo,

como quem dança

sem saber os passos,

mas reconhece o chão

porque a alma estremece.

 

Talvez não saiba

onde estou,

mas há algo que me sabe

onde devo ir.

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