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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Evangelho dos Anjos Caídos (fragmento VII) / J.M.J.

O escolhido sente o peso das noites sem descanso,

onde o silêncio grita mais alto que as vozes do dia,

sentindo as dúvidas apertarem-lhe o peito,

como correntes invisíveis que o tentam prender.

 

Mas aprende, pouco a pouco, a reconhecer

que a sombra não é inimiga, mas parte do caminho,

e que a escuridão abre espaço para as estrelas,

e que a dor é o solo onde a compaixão cresce.

 

Encontra no rosto dos outros reflexos seus,

naqueles que choram, que erram, que amam,

e descobre que ajudar não é salvar,

mas caminhar lado a lado, sem promessas falsas.

 

E quando o medo ameaça calar a semente,

uma palavra, um gesto, um olhar,

qualquer centelha de Amor, reacende a luz interna,

que não apaga, mas arde suave, constante.

 

Assim o escolhido segue, sem certezas,

com a semente crescendo devagar,

entre quedas e reerguimentos,

entre silêncio e cânticos baixos.

 

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