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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Aquele que Decifrou o Silêncio / J.M.J.

Havia um homem que lia os sussurros do caos,

ouvia os segredos enterrados em ferro e ruído,

onde o inimigo falava sem saber

que sua língua já pertencia a outra mente.

 

Nas sombras de uma guerra sem rosto,

desenhou mapas de vento,

despedaçou muralhas invisíveis,

e num tabuleiro de cifras e ecos,

virou o tempo a favor dos vivos.

 

Milhões respiraram o amanhã

sem nunca conhecer o nome

daquele que arrancou a lâmina do destino

antes que ela cortasse suas gargantas.

 

Mas a pátria que ele resgatou

ergueu muros à sua volta,

escreveu sentença na pele que ele não escolheu,

e lançou sobre ele um outro código,

indecifrável,

feito de vergonha e silêncio.

 

E no fim, não foi o inimigo a vencê-lo,

mas a mão que ele havia protegido.

Mordeu a fruta amarga do exílio,

só para descobrir que o paraíso

jamais foi um lugar,

mas a liberdade de ser o que era

e o amor que lhe negaram.

 

Dedicado a Alan Turing

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