Havia um homem que lia os sussurros do caos,
ouvia os segredos enterrados em ferro e ruído,
onde o inimigo falava sem saber
que sua língua já pertencia a outra mente.
Nas sombras de uma guerra sem rosto,
desenhou mapas de vento,
despedaçou muralhas invisíveis,
e num tabuleiro de cifras e ecos,
virou o tempo a favor dos vivos.
Milhões respiraram o amanhã
sem nunca conhecer o nome
daquele que arrancou a lâmina do destino
antes que ela cortasse suas gargantas.
Mas a pátria que ele resgatou
ergueu muros à sua volta,
escreveu sentença na pele que ele não escolheu,
e lançou sobre ele um outro código,
indecifrável,
feito de vergonha e silêncio.
E no fim, não foi o inimigo a vencê-lo,
mas a mão que ele havia protegido.
Mordeu a fruta amarga do exílio,
só para descobrir que o paraíso
jamais foi um lugar,
mas a liberdade de ser o que era
e o amor que lhe negaram.
Dedicado a Alan Turing
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