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quarta-feira, 23 de julho de 2025

A Alma da Alegria / J.M.J.

A alma da alegria

habita as espécies que não contam os dias,

que não retêm mágoas,

nem temem o fim.

 

Vive no voo dos pássaros,

que dançam com o vento

sem mapa,

sem destino.

 

Vive no riso implícito de um cão

ao correr descalço no mundo,

sem passado,

nem pressa.

 

Brilha no salto de um peixe

que atravessa a luz por intuição,

no girassol que gira

sem perguntar porquê,

e na onda

que se desfaz em contentamento

como se o mar fosse sempre novo.

 

Esses seres

não conhecem a palavra “felicidade”,

mas vivem-na

com mais pureza

do que qualquer verso humano.

 

Oferecem-nos a lembrança

de que a vida

pode ser uma exaltação

sem linguagem,

sem razão,

sem promessa.

 

Talvez a alma da alegria

seja o instinto da celebração,

antes de vir a consciência da morte.

Talvez sejamos mais plenos

quando esquecemos o que nos pesa

e simplesmente

existimos.

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