Na lonjura do tempo, há vozes sem língua,
sabedorias que não cabem na pressa dos homens.
As árvores falam sem som,
guardam na pele rugosa
o eco de passos antigos,
o peso das eras que se deitam no musgo.
Quem as toca, sente o pulsar do cosmos,
a lenta respiração da Terra
a percorrer a seiva invisível,
costurando raízes ao céu.
E no abraço que dou, sou ouvido,
não por quem grita, mas por quem vibra,
por quem entende que a linguagem do mundo
não é a palavra, mas a permanência.
Elas sabem quem fui,
sabem quem sou cada vez que regresso,
pois nelas deixei um sussurro,
e nelas sigo, mesmo quando desvaneço.
Quem abraça uma árvore nunca parte sozinho.
Sem comentários:
Enviar um comentário