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quarta-feira, 23 de julho de 2025

O Silêncio que Escuta / J.M.J.

Na lonjura do tempo, há vozes sem língua,

sabedorias que não cabem na pressa dos homens.

As árvores falam sem som,

guardam na pele rugosa

o eco de passos antigos,

o peso das eras que se deitam no musgo.

 

Quem as toca, sente o pulsar do cosmos,

a lenta respiração da Terra

a percorrer a seiva invisível,

costurando raízes ao céu.

 

E no abraço que dou, sou ouvido,

não por quem grita, mas por quem vibra,

por quem entende que a linguagem do mundo

não é a palavra, mas a permanência.

 

Elas sabem quem fui,

sabem quem sou cada vez que regresso,

pois nelas deixei um sussurro,

e nelas sigo, mesmo quando desvaneço.

 

Quem abraça uma árvore nunca parte sozinho.

 

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