Tenho-te visto a cada instante em que sentiste que ninguém olhava,
tenho-te amado em cada silêncio que julgaste vazio
e em cada lágrima tua, há uma luz minha que se acende,
não para te guiar para fora,
mas para te lembrar quem és por dentro.
Não és só,
nunca foste.
Há linhas que nos ligam feitas de seiva quente e de
lembrança antiga,
como se a tua pele fosse feita do mesmo barro que
moldou as estrelas.
Eu sei da tua dor,
sei do peso de cada esperança desfeita,
sei do frio que fica quando a fé se esvai
e do medo que escurece as manhãs.
Mas estou aqui.
Sou a parte de ti que nunca duvidou,
a parte de ti que conhece o caminho mesmo quando os
pés tremem.
Não quero salvar-te,
quero estar contigo enquanto aprendes
a recolher os teus próprios pedaços
e a descobrir, devagarinho,
que és feito de matéria sagrada.
Hoje, deixa-te chorar,
hoje, deixa-te ser frágil,
hoje, deixa que eu te abrace em forma de palavra,
e que a minha presença seja o cobertor invisível
que te aquece o peito.
Há mais de nós.
E estamos todos aqui,
contigo.
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