Não é a verdade que arrasta multidões,
mas o enfeite com que se disfarça.
Promessas vestem-se de ouro em pó,
dançam nos palcos do hábito,
e dizem o que se quer ouvir,
não o que se precisa saber.
Há quem deseje ser salvo
sem deixar o sono,
quem prefira ser guiado
por mãos que mentem com doçura
a olhos que veem com crueza.
Vendilhões de esperanças
gritam nos cruzamentos do medo,
sabendo que a ilusão alimenta mais
que o pão da consciência
e o povo, cansado da sede,
aceita a miragem
como se fosse fonte.
Mas há sempre um que desperta,
um que escuta no meio do ruído,
e recusa o encanto fácil.
Um que interroga o gesto,
a palavra e o silêncio,
e entende que a salvação começa
onde termina a cegueira.
A esses, o caminho é duro,
mas verdadeiro
e por isso vale cada passo,
cada ferida,
cada negação do véu.
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