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terça-feira, 8 de julho de 2025

Evangelho da Consciência / J.M.J.

Prólogo

 

Não foi escrito para mandar,

não foi escrito para converter,

apenas foi escrito para lembrar.

 

Este evangelho não nasceu nas alturas,

nem foi sussurrado por anjos distantes,

ele veio do chão, do corpo,

da árvore que cresce em silêncio,

do animal que ama sem culpa,

da pele que se arrepia ao toque da verdade.

 

Não há aqui leis, há escuta,

não há dogmas, há presença,

e não há ameaças, há um apelo suave

que sussurra:

 

“Desperta.

O que procuras já vive em ti.”

 

Este é o evangelho de quem caminha,

de quem tropeça e volta a levantar-se,

de quem ama fora dos mapas

e encontra Deus onde Lhe disseram que Ele não estava.

 

Não precisas de te tornar puro,

nem de te corrigir para seres digno,

só precisas de te escutar inteiro

e reconhecer que, no fundo, sempre soubeste.

 

A consciência é o altar,

a vida, o templo,

e o Amor, o único mandamento.

 

 

 

 

Ditos

 

1. O despertar começa quando aceitas que não precisas de ser perfeito para ser inteiro.

 

 

2. A verdade não vive em quem grita mais alto, mas em quem escuta com o coração aberto.

 

 

 

 

Poema

 

O Canto Livre

 

No silêncio do campo,

o rio não escolhe caminho,

segue a sua vontade,

sem medo do que outros pensam.

 

A flor abre-se para o sol,

sem perguntar se é bonita,

sem esconder a sua cor,

mostrando o que tem de mais verdadeiro.

 

O vento abraça as folhas,

sem pedir permissão,

e a terra acolhe tudo,

o sementeiro e a raiz.

 

O amor é assim:

um canto livre, sem amarras,

um movimento que brota,

que nasce e renasce sempre.

 

Quem ama não se prende,

não julga, não limita,

apenas deixa ser,

e cresce em liberdade.

 

 

 

 

Salmo da Terra Desperta

 

Ó terra que me acolhes,

que me sustentas em teus braços de raiz,

ensina-me a escutar o silêncio profundo

onde mora a voz do Amor.

 

Que eu não me perca nas vozes dos homens,

mas encontre no vento a verdade

que não exige máscaras nem medos.

 

Que o meu coração seja aberto,

como o céu que não julga a tempestade,

mas a recebe para dar vida nova.

 

Que eu ame sem fronteiras,

sem culpa, sem vergonha, sem regras escritas,

pois o amor verdadeiro é livre,

como as águas que correm para o mar.

 

Ensina-me a ser árvore que cresce,

a ser leão que vive em bando,

a ser pássaro que canta o que sente,

sem temer o olhar dos outros.

 

Que a consciência desperte em mim

como a luz que não se apaga,

e que eu possa viver

a verdade do meu ser inteiro.

 

 

 

 

Silêncios

 

Entre as palavras, escuta.

Na pausa, escuta.

No que não foi dito, escuta.

Nem tudo se escreve,

há verdades que só se revelam no silêncio

de um coração desperto.

 

 

 

 

Encerramento aberto

 

(porque a consciência não se fecha nem se termina)

 

Este evangelho não termina,

porque a consciência é rio que nunca dorme,

é chama que acende outras,

é caminho que se faz a cada passo desperto.

 

Não há ponto final onde há vida,

nem fronteira onde há escuta.

Tudo está ainda a nascer,

em ti, em mim, no outro que também procura.

 

Se te sentires perdido,

não te esqueças:

a semente não duvida da árvore que será.

Confia no silêncio que cresce por dentro.

 

Não voltes para trás,

não porque te proíbo,

mas porque já não cabes onde vivias.

 

Ama,

mesmo quando não te entendem,

mesmo quando duvidares.

Ama com a força branda da terra molhada

e com a ternura selvagem dos animais livres.

 

Este evangelho é teu,

não para o decorares,

mas para o viveres com coragem.

 

Fecha os olhos,

respira fundo

e escuta:

 

Ainda agora começaste

e já estavas em Casa.

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