Não é o palco que se apaga,
é a luz que muda de tom.
Já não há lugar para o aplauso
fácil,
nem para a gargalhada ensaiada.
Agora, é o gesto sem artifício,
a palavra escrita no carvão dos
dias,
o amor sem adornos,
mas com raízes.
Saturno senta-se contigo à mesa
e olha devagar o que criaste:
o que foi só chama,
o que pode ser brasa.
Pede-te um filho novo,
não de carne, talvez,
mas de verdade.
Pede-te uma obra que dure,
não por ser bela,
mas por ser necessária.
E na hora da ausência,
quando ninguém te disser
“continua”,
ele ficará contigo,
guardando o lugar da persistência
até que o teu coração saiba
que há alegria
também na disciplina de ser
inteiro.
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