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terça-feira, 8 de julho de 2025

A Aldeia Em Nós / J.M.J.

É difícil sair da aldeia.

Não falo da geografia,

mas da raiz entranhada no peito,

da mãe, da terra, da casa,

dos ritos que nos ensinaram

o nome das coisas e o medo do mundo.

 

Mesmo que o corpo parta,

há lugares que permanecem em nós

como um murmúrio de pertença,

um chão interior onde tudo começa

e, por vezes, se estagna.

 

Não se trata de renegar o que fomos,

mas de soltar o nó da dependência

que nos impede de sermos vastos.

 

A liberdade não é um abandono,

é um alargamento,

é saber que há outras vozes,

outros deuses, outras casas possíveis

dentro da alma.

 

Há quem estude, viaje, abrace o mundo,

mas continue a carregar, como uma sombra,

a aldeia que nunca soube largar.

 

Ser universal não é ser sem origem,

é deixar que a origem se dilua no infinito,

como um rio que reconhece o mar

sem esquecer a nascente.

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