Riem de copo cheio
entre colunas de mármore
e corpos vazios de idade,
não contam os anos,
contam a docilidade.
Não são homens,
são víboras com gravata,
línguas dobradas em contratos
onde a inocência
é moeda de troca.
Epstein foi o mordomo
dessa festa sem moral,
servindo meninas
como vinho raro
à mesa dos intocáveis.
Trump brindou,
pisou tapetes de silêncio
e pousou o olhar
como um selo imperial
na nudez da impunidade.
Quando os nomes surgem,
não tremem,
acusam quem olha,
acusam quem pergunta,
acusam o espelho rachado.
Não há gritos no topo
das torres douradas,
mas o chão geme
debaixo das fundações
de luxúria e mentira.
E se hoje voltam imagens,
é o tempo a devolver a luz
ao que foi enterrado.
Não é justiça ainda,
mas já não é só esquecimento.
Que os retratos ardam,
que os salões apodreçam,
que se rasguem os convites
à próxima geração de monstros.
Neste jogo de sombras,
o palco vacila,
e um a um,
os intocáveis
caminham para a luz
onde tudo se vê.
(As imagens recentemente divulgadas, vídeos e
fotografias que mostram momentos de convivência íntima entre Donald Trump e
Jeffrey Epstein, desmentem a narrativa atual que o ex-presidente tenta impor.
Durante anos, Trump descreveu Epstein como “um tipo fantástico”, elogiando-lhe
até o gosto por “mulheres muito jovens”. Hoje, perante as revelações, responde
com desprezo, nega, desliga o telefone, grita “fake news”. Mas as imagens
falam. O poema nasceu desse contraste brutal entre o que se quer apagar e o que
ressurge à superfície: a verdade incómoda de uma ligação que não pode ser
enterrada no silêncio conveniente. Este texto é uma denúncia, sim, mas também
uma advertência: a memória, como a justiça, pode tardar, mas regressa.)
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