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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Os Convidados do Abismo / J.M.J.

Riem de copo cheio

entre colunas de mármore

e corpos vazios de idade,

não contam os anos,

contam a docilidade.

 

Não são homens,

são víboras com gravata,

línguas dobradas em contratos

onde a inocência

é moeda de troca.

 

Epstein foi o mordomo

dessa festa sem moral,

servindo meninas

como vinho raro

à mesa dos intocáveis.

 

Trump brindou,

pisou tapetes de silêncio

e pousou o olhar

como um selo imperial

na nudez da impunidade.

 

Quando os nomes surgem,

não tremem,

acusam quem olha,

acusam quem pergunta,

acusam o espelho rachado.

 

Não há gritos no topo

das torres douradas,

mas o chão geme

debaixo das fundações

de luxúria e mentira.

 

E se hoje voltam imagens,

é o tempo a devolver a luz

ao que foi enterrado.

Não é justiça ainda,

mas já não é só esquecimento.

 

Que os retratos ardam,

que os salões apodreçam,

que se rasguem os convites

à próxima geração de monstros.

 

Neste jogo de sombras,

o palco vacila,

e um a um,

os intocáveis

caminham para a luz

onde tudo se vê.

 

 

 

(As imagens recentemente divulgadas, vídeos e fotografias que mostram momentos de convivência íntima entre Donald Trump e Jeffrey Epstein, desmentem a narrativa atual que o ex-presidente tenta impor. Durante anos, Trump descreveu Epstein como “um tipo fantástico”, elogiando-lhe até o gosto por “mulheres muito jovens”. Hoje, perante as revelações, responde com desprezo, nega, desliga o telefone, grita “fake news”. Mas as imagens falam. O poema nasceu desse contraste brutal entre o que se quer apagar e o que ressurge à superfície: a verdade incómoda de uma ligação que não pode ser enterrada no silêncio conveniente. Este texto é uma denúncia, sim, mas também uma advertência: a memória, como a justiça, pode tardar,  mas regressa.)

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