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terça-feira, 22 de julho de 2025

Prece da Coragem Mansa (na primeira pessoa) / J.M.J.

Não és grito,

nem força que se impõe,

és o passo que avança

sem exigir certeza.

 

Sinto-te como chama breve,

nascida do escuro,

não para queimar,

mas para aquecer o que tremia.

 

Não se trata de vencer,

mas de permanecer,

não de dominar,

mas de tocar o medo

com mãos inteiras.

 

Tenho medo,

do que chega sem nome,

do que não vejo

e do que sei demais,

mas a cada medo,

um espaço se abre,

onde o passo pode pousar.

 

Não precisas crescer,

basta que existas

no fio do meu olhar,

a lembrar-me que posso

respirar ainda.

 

E mesmo quando não corro,

quando tudo em mim hesita,

és a firmeza que me sustém

no fundo do meu próprio ser.

 

Não me peças força,

sê apenas gesto,

o gesto que me leva,

um passo de cada vez,

como o vento que passa,

sem pressa,

e sabe.

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