No deserto de Afar,
o vento levanta pó de ossos
e a areia guarda segredos
mais velhos que o sol de hoje.
Treze dentes brilham no silêncio,
não são de Lucy,
não são de Homo,
são de um nome que ainda não sabemos dizer.
O passado não é uma linha,
é um rio que se divide,
se perde, se encontra,
um labirinto de caminhos esquecidos.
A galáxia devora galáxias,
a Terra molda espécies,
e nós,
somos herdeiros de encontros,
de disputas,
de amores antigos entre pó e fogo.
Cada fósforo aceso no céu
é um fóssil de luz,
cada fóssil enterrado na terra
é uma estrela caída no tempo.
E entre ambos,
nós,
vestígios vivos,
arqueólogos de nós mesmos.
(Poema inspirado na recente descoberta de fósseis na
região de Afar (Etiópia), que poderá revelar uma nova espécie de ancestral
humano, desafiando a visão linear da evolução.)
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