O ar inquieta-se,
como se mundos paralelos
se tocassem por instantes,
em atrito, em faísca.
Há vozes dentro de nós
que discordam e se cruzam,
procurando unidade
mas encontrando desencontros.
O pensamento divide,
a palavra tropeça,
e cada coração sente
o peso de escolhas
que não se deixam adiar.
Ainda assim, no fundo,
um fio luminoso persiste:
o desejo de aproximação,
a coragem de erguer a voz,
o impulso de amar
mesmo entre distâncias.
Somos chamados
a ouvir a tensão sem fugir dela,
a dançar na corda esticada
entre o que nos limita
e expande.
No íntimo, o cosmos sussurra:
não temas a fricção.
Da colisão nasce a centelha
e a centelha é princípio
de vida nova.
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