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sábado, 27 de setembro de 2025

A Mulher que Ouviu as Estrelas

Negaram-lhe o diploma,

fecharam portas com o peso de séculos,

disseram-lhe que sonhar era inútil

para quem nascera mulher.

 

Mas ela ergueu os olhos ao céu

e escutou o fogo das estrelas.

No silêncio dos laboratórios,

descobriu que o universo respira

hidrogénio e hélio,

a chama invisível da criação.

 

Enquanto os homens escreviam tratados,

ela escreveu a verdade:

o Sol não era pedra,

era sopro, era luz, era vida.

 

E mesmo assim,

o seu nome ficou escondido

atrás das páginas que só citavam outros.

 

Hoje, porém,

dizemos em voz clara:

as estrelas têm voz de mulher,

e cada faísca no céu repete o seu nome:

Cecilia.

 

 

(Este poema foi inspirado na vida e obra de Cecilia Payne-Gaposchkin, a astrónoma que descobriu a composição das estrelas. A ideia central é celebrar a coragem, a inteligência e a perseverança de uma mulher que desafiou preconceitos e abriu caminho para o conhecimento científico, mostrando que a determinação e a paixão pelo saber podem iluminar até os cantos mais escuros do universo.)

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