Negaram-lhe o diploma,
fecharam portas com o peso de séculos,
disseram-lhe que sonhar era inútil
para quem nascera mulher.
Mas ela ergueu os olhos ao céu
e escutou o fogo das estrelas.
No silêncio dos laboratórios,
descobriu que o universo respira
hidrogénio e hélio,
a chama invisível da criação.
Enquanto os homens escreviam tratados,
ela escreveu a verdade:
o Sol não era pedra,
era sopro, era luz, era vida.
E mesmo assim,
o seu nome ficou escondido
atrás das páginas que só citavam outros.
Hoje, porém,
dizemos em voz clara:
as estrelas têm voz de mulher,
e cada faísca no céu repete o seu nome:
Cecilia.
(Este poema foi inspirado na vida e obra de Cecilia
Payne-Gaposchkin, a astrónoma que descobriu a composição das estrelas. A ideia
central é celebrar a coragem, a inteligência e a perseverança de uma mulher que
desafiou preconceitos e abriu caminho para o conhecimento científico, mostrando
que a determinação e a paixão pelo saber podem iluminar até os cantos mais
escuros do universo.)
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