Entre o ponto e a velocidade,
o universo sussurra silêncio.
Não há olho que veja tudo,
nem mão que segure o instante inteiro.
O que somos dança em probabilidades,
um mar de talvez e quase,
linhas que se encontram
sem nunca se fixar.
O controlo é miragem,
mas no mistério há beleza:
a vida não pede certezas,
pede entrega,
pede presença.
No coração da partícula,
como no coração humano,
não existe destino fechado,
apenas possibilidades que florescem
quando alguém ousa olhar.
(Este poema foi inspirado no Princípio da Incerteza de
Heisenberg, formulado em 1927. Ele mostra que no mundo quântico não podemos
conhecer com precisão absoluta duas propriedades de uma partícula ao mesmo
tempo, como posição e velocidade. Mais do que uma questão de física, esta ideia
revela que o universo não é feito de certezas rígidas, mas de possibilidades em
movimento. Tal como na vida, a tentativa de controlo absoluto é ilusão: a
existência pede-nos entrega, abertura e confiança no mistério. A poesia nasce
desse espaço entre o desconhecido e o possível, lembrando-nos que até na
incerteza há beleza e ordem invisível.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.