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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Poema da Incerteza

Entre o ponto e a velocidade,

o universo sussurra silêncio.

Não há olho que veja tudo,

nem mão que segure o instante inteiro.

 

O que somos dança em probabilidades,

um mar de talvez e quase,

linhas que se encontram

sem nunca se fixar.

 

O controlo é miragem,

mas no mistério há beleza:

a vida não pede certezas,

pede entrega,

pede presença.

 

No coração da partícula,

como no coração humano,

não existe destino fechado,

apenas possibilidades que florescem

quando alguém ousa olhar.

 

 

 

(Este poema foi inspirado no Princípio da Incerteza de Heisenberg, formulado em 1927. Ele mostra que no mundo quântico não podemos conhecer com precisão absoluta duas propriedades de uma partícula ao mesmo tempo, como posição e velocidade. Mais do que uma questão de física, esta ideia revela que o universo não é feito de certezas rígidas, mas de possibilidades em movimento. Tal como na vida, a tentativa de controlo absoluto é ilusão: a existência pede-nos entrega, abertura e confiança no mistério. A poesia nasce desse espaço entre o desconhecido e o possível, lembrando-nos que até na incerteza há beleza e ordem invisível.)

 

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