Na aldeia onde a esperança chegava em notas amareladas,
os corpos esperavam pacientemente, mãos trêmulas,
rostos marcados,
pela rotina simples de um pagamento que sustentava a
vida.
Explodiu o céu sobre eles,
um rugido de morte que não distingue idade, nem
fragilidade.
Vinte e quatro vozes calaram-se de uma só vez,
ecoando no vazio de ruas que nunca mais serão as
mesmas.
O fogo devorou mais do que madeira e tijolos;
devorou a confiança, a segurança,
os instantes finais que deveriam ser de paz.
Mas a memória resiste,
os nomes das vítimas não se apagam em jornais nem em
manchetes fugazes.
O mundo observa, hesita, calcula,
enquanto a injustiça reclama o que resta de
humanidade.
Que cada gesto de lembrança seja resistência,
que cada voz que denuncia transforme a dor em aviso,
para que tragédias assim não sejam simples
estatística,
mas chamamento urgente à consciência global.
(Este poema é inspirado no ataque aéreo russo,
ocorrido em 9 de setembro de 2025, na aldeia de Yarova, na região de Donetsk,
na Ucrânia. Pelo menos 24 pessoas, em sua maioria idosos, foram mortas,
enquanto aguardavam para receber suas pensões em um ponto de distribuição ao ar
livre.
O ataque, realizado com uma bomba de precisão, atingiu
diretamente civis indefesos, em um momento de vulnerabilidade extrema. Este ato
brutal é um reflexo da desumanização da guerra, onde a vida de inocentes é
descartada em nome de interesses políticos e militares.
"Fila do Silêncio" busca dar voz a essas
vítimas silenciadas pela violência, lembrando-nos da importância de resistir à
indiferença e de lutar pela dignidade humana em tempos de conflito.)
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