Entre pergaminhos raspados e cânticos antigos,
Arquimedes sussurra em sombras,
seus números, fórmulas, universos,
escondidos sob salmos que nunca souberam voar.
Séculos se dobraram sobre o saber,
monges, sem malícia, mas com poder,
apagam estrelas da mente humana,
e o futuro aguarda, órfão de luz,
milénios antes de poder nascer.
O conhecimento, arrancado à força do tempo,
ecoou em silêncio, esperando olhos atentos,
como uma chama submersa,
como sementes que recusam morrer.
E mesmo tardio, o Palimpsesto ressurge,
um grito de metal e luz,
lembrando-nos que a razão não se rende,
que a curiosidade é imortal,
e que cada página perdida é uma história ainda a ser contada.
(Este poema denuncia a forma como a Igreja Católica, como instituição de
poder, historicamente ocultou e destruiu conhecimento, atrasando o avanço da
humanidade. O Palimpsesto de Arquimedes é símbolo desse controle: a fé
institucionalizada sobrepôs-se à razão, apagando descobertas que poderiam ter
transformado o mundo. Mas a verdade resiste, sempre pronta a emergir.)
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