O mundo parece um tabuleiro virado ao contrário:
as peças caíram, os jogadores discutem,
ninguém sabe bem quem manda,
ninguém aceita perder.
Mas por baixo da gritaria das armas
corre outra corrente;
invisível, paciente,
como um rio subterrâneo.
É a memória antiga da humanidade,
que já sobreviveu a guerras, impérios,
reis, generais e profetas.
Ela sussurra:
“tudo isto também passará.”
O caos que vemos agora
é como o trovão antes da chuva,
violento, assustador,
mas anunciando que o ar precisa mudar.
Sim, Gaza sangra,
a Ucrânia arde,
os EUA tremem por dentro,
mas também, em lugares anónimos,
crianças nascem,
sementes são plantadas,
poemas são escritos.
Há sempre uma primavera escondida no inverno,
um renascimento dentro do colapso.
E nós,
mesmo confusos,
mesmo frágeis,
somos portadores dessa centelha.
Podemos escolher não ser o eco do ódio,
mas a semente do que virá depois.
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