No princípio, disseram, houve explosão,
mas talvez tenha sido apenas um salto,
um rebote de matéria perdida
que recusou a escuridão.
As galáxias dançam,
não ao acaso,
mas seguindo um eco antigo,
um giro herdado do ventre de um abismo.
Se assim for,
não nascemos do nada,
mas do colapso de outro mundo,
de um coração que implodiu
para nos dar respiração.
E o que chamamos fim,
um buraco negro a devorar estrelas,
pode ser apenas semente,
útero secreto de universos por nascer.
O cosmos não destrói,
recria.
Não engole,
transfigura.
E nós, partículas conscientes
dessa dança primordial,
carregamos no sangue azul do espaço
a memória silenciosa
de que tudo o que morre
pode voltar a nascer.
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