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sábado, 27 de setembro de 2025

Balas de Silêncio

Na noite em que o eco rebentou,

não caiu só um homem;

foi a palavra que se partiu em sangue,

foi o medo a vestir-se de discurso.

 

Dizem: um só dedo no gatilho.

Outros murmuram: mãos invisíveis

guiam destinos,

escrevem na pólvora o enredo do poder.

 

Entre versões, teorias, factos e rumores,

a verdade desfaz-se como fumo:

uns choram um mártir,

outros celebram um inimigo.

 

E o povo, perdido, pergunta:

quem lucra com a morte?

quem alimenta a chama do ódio

que consome mais que corpos?

 

Não sei se foi conspiração,

se apenas ira,

mas sei que cada bala atravessa

não só a carne;

atravessa também a confiança

que sustenta o mundo.

 

E nós, órfãos da clareza,

colhemos fragmentos,

à espera de um dia

em que o silêncio confesse a verdade.

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