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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Mentira da Separação

Vista do espaço,

a Terra não conhece fronteiras,

não distingue muros, nem bandeiras,

é um sopro azul suspenso,

um lar envolto por uma pele frágil de ar.

 

E nós, aqui em baixo,

a inventar divisões,

a fingir que somos muitos mundos

quando somos apenas um.

 

Chamamos progresso ao que fere o planeta,

abundância ao que esgota a vida,

colocamos números acima do solo,

do mar, do ar que respiramos.

 

A mentira é esta:

acreditarmos separados,

quando cada respiração prova o contrário.

 

Primeiro o planeta,

depois a humanidade,

só então o que chamamos de ordem material.

Qualquer outra sequência é ruína,

é cortar a raiz que nos sustenta.

 

Do alto, os astronautas sabem:

somos uma família só,

à deriva no escuro,

com um único lar partilhado.

 

E a verdade, vista de fora,

é tão clara

que chega a doer.

 

 

(Este poema foi inspirado nas reflexões de Ron Garan, astronauta da NASA, sobre o Efeito de Visão Global.)

 

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