Vista do espaço,
a Terra não conhece fronteiras,
não distingue muros, nem bandeiras,
é um sopro azul suspenso,
um lar envolto por uma pele frágil de ar.
E nós, aqui em baixo,
a inventar divisões,
a fingir que somos muitos mundos
quando somos apenas um.
Chamamos progresso ao que fere o planeta,
abundância ao que esgota a vida,
colocamos números acima do solo,
do mar, do ar que respiramos.
A mentira é esta:
acreditarmos separados,
quando cada respiração prova o contrário.
Primeiro o planeta,
depois a humanidade,
só então o que chamamos de ordem material.
Qualquer outra sequência é ruína,
é cortar a raiz que nos sustenta.
Do alto, os astronautas sabem:
somos uma família só,
à deriva no escuro,
com um único lar partilhado.
E a verdade, vista de fora,
é tão clara
que chega a doer.
(Este poema foi inspirado nas reflexões de Ron Garan, astronauta da NASA,
sobre o Efeito de Visão Global.)
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