Não fomos feitos para parar.
O pó das estrelas ainda pulsa nas veias,
mas já não é apenas o corpo que decide:
a cultura escreve, em relâmpago,
o que a carne levaria milénios a aprender.
Construímos vacinas, genes editados,
pontes que atravessam oceanos,
olhos artificiais que prolongam a visão do mundo.
A seleção natural foi desarmada
por bisturis, máquinas e redes invisíveis.
Mas o mesmo engenho que salva
também pode condenar.
Se nos tornamos superorganismo,
quem segura o coração dessa colmeia?
Quem impede que a mente coletiva
se transforme em prisão,
em vez de libertação?
Estamos em transição:
nem só biologia, nem só cultura,
mas uma dança perigosa
entre a vida que recebemos
e a vida que ousamos criar.
O futuro não é destino,
é escolha multiplicada
e a maior pergunta não é
o que podemos criar,
mas o que devemos fazer.
(Este poema foi inspirado em estudos sobre evolução cultural e a ideia de
que a humanidade está entrando numa nova fase evolutiva, marcada pela força da
cultura e pela cooperação social.)
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