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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Superorganismo

Não fomos feitos para parar.

O pó das estrelas ainda pulsa nas veias,

mas já não é apenas o corpo que decide:

a cultura escreve, em relâmpago,

o que a carne levaria milénios a aprender.

 

Construímos vacinas, genes editados,

pontes que atravessam oceanos,

olhos artificiais que prolongam a visão do mundo.

A seleção natural foi desarmada

por bisturis, máquinas e redes invisíveis.

 

Mas o mesmo engenho que salva

também pode condenar.

Se nos tornamos superorganismo,

quem segura o coração dessa colmeia?

Quem impede que a mente coletiva

se transforme em prisão,

em vez de libertação?

 

Estamos em transição:

nem só biologia, nem só cultura,

mas uma dança perigosa

entre a vida que recebemos

e a vida que ousamos criar.

 

O futuro não é destino,

é escolha multiplicada

e a maior pergunta não é

o que podemos criar,

mas o que devemos fazer.

 

(Este poema foi inspirado em estudos sobre evolução cultural e a ideia de que a humanidade está entrando numa nova fase evolutiva, marcada pela força da cultura e pela cooperação social.)

 

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