No ventre do cosmos, ainda criança,
um cântaro invisível se abriu,
derramando águas milenares
sobre a chama de um buraco negro.
Não eram mares da Terra,
nem rios de barro e sal,
mas vapores antigos,
cercando um coração de trevas e luz.
Ali, onde tudo consome,
repousa também o que gera:
a água, promessa silenciosa,
guardada há doze bilhões de anos.
O universo sussurra um segredo:
mesmo no abismo, nasce a fonte;
mesmo na escuridão,
há sede de vida,
há lembrança do início.
E nós, pequenos navegantes,
olhamos o infinito
e reconhecemos em nós
essa mesma água,
essa mesma origem,
essa mesma esperança.
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