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sábado, 6 de setembro de 2025

Noite de corte

Um véu desce sobre o tempo,

fino e pesado como silêncio de mar profundo.

 

As certezas partem-se em duas margens:

de um lado, a disciplina das formas,

do outro, o convite a dissolver-se no infinito.

 

Há vozes que pedem clareza,

mas cada palavra traz em si

um caminho que não volta atrás.

 

O que antes parecia sólido

trai-se em fendas súbitas,

como muralhas que se desmoronam no escuro.

 

Entre medo e desejo,

o coração é chamado a escolher

se permanece no brilho fácil das promessas

ou se suporta a prova do tempo.

 

Nem tudo o que seduz é real,

nem toda renúncia é perda:

há portas que só se abrem

quando se ousa largar as ilusões.

 

E ainda assim,

no meio da tensão,

uma faísca insiste em crescer,

sussurrando que todo fim é também

um início escondido,

pronto para nascer do lado oculto da noite.

 

 

(Poema inspirado no eclipse lunar total de 7 para 8 de setembro)

 

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