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terça-feira, 14 de outubro de 2025

Sopro dos Nomes Antigos (fragmento de uma memória antes do tempo)

Antes de haver fronteiras,

o divino tinha muitos nomes.

 

Isa ergueu-se da água;

teceu corpo à memória.

 

Rá abriu o horizonte;

sol que acorda o pó e o espírito.

 

El soprou sobre o silêncio;

raízes do que ainda respira em nós.

 

E quando os nomes se tocaram,

um novo eco nasceu:

 

Israel.

 

Não tribo,

nem sangue,

mas lembrança do encontro.

 

O tempo vestiu o nome com muralhas,

fez dele bandeira e limite.

 

E o vento esqueceu-se de cantar

os nomes que o criaram.

 

Mas sob cada pedra dorme ainda

a deusa, o sol, o sopro,

 

e quem escuta com o coração

pode ouvi-los sussurrar:

 

Nada do que é divino

nasce de um só nome.

 

 

 

(Este poema foi inspirado nas raízes linguísticas e mitológicas do nome Israel, este poema evoca a fusão simbólica dos antigos deuses Isa, Rá e El, vestígios de um sincretismo primordial que antecede as tradições tribais e religiosas que moldaram a história.)

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