Há em cada ser dois que se buscam:
um que ensina o caminho,
e outro que o percorre.
O mestre fala em claridade,
mas é o amante quem o compreende,
porque o desejo é uma forma de escuta.
O saber quer eternidade,
o amor quer presença,
e ambos se curvam um diante do outro,
reconhecendo-se na imperfeição.
Quando se tocam, o tempo suspende o fôlego:
a carne aprende o verbo,
e o verbo aprende a sentir.
Não há hierarquia nesse encontro,
nem queda, nem ascensão,
há apenas o instante em que o humano
se torna templo,
e o divino, respiração.
(Este poema nasce do encontro entre o mestre e o amante, duas forças que
habitam o mesmo ser. Pode ser lido como a história de dois homens que se
encontram, ou como o gesto secreto que une espírito e carne, ensino e desejo.
Não define, apenas revela o instante em que o humano toca o divino.)
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