Do uivo distante do lobo
nasceu o murmúrio junto à fogueira,
um olhar que não caçava presas,
mas buscava rostos,
encontrando casa no coração humano.
O cão aprendeu a ler silêncios,
a seguir o gesto da mão,
a traduzir no coração
o idioma invisível dos homens.
E nós aprendemos com ele
a ternura da vigília,
o consolo que não fala,
a fidelidade sem palavras.
Não paramos de nos reinventar:
eles, com passos atentos
pelas ruas das nossas cidades;
nós, com um amor antigo
que ainda nos ensina a ser gente.
E se a evolução é correnteza,
não caminhamos sós:
homem e cão, lado a lado,
inventando juntos
um futuro de afetos.
(Este poema foi inspirado na caminhada conjunta de humanos e cães ao longo
da história, como parceiros que evoluem não apenas na sobrevivência, mas também
no afeto e na partilha silenciosa do existir.)
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