Confunde-se o toque com posse,
acredita-se que ter é o mesmo que unir.
Mas eros não se entrega ao corpo,
flui por veios invisíveis,
liga almas, separa, reconcilia.
Quem se abre a eros tece relações anímicas,
sente o silêncio entre palavras,
o espaço entre desejos.
Quem se prende ao logos busca forma, interesse,
perde a dança que não se mede.
O sexo é fugaz, ruidoso, tangível.
Eros é silêncio, atenção, reverberação.
O verdadeiro encontro não acontece no corpo,
mas na presença, na escuta, no cuidado.
O amor não se confunde com apropriação,
nem se resume à cópula.
É ponte que liga mundos,
fio que atravessa gerações,
impulso que cria, cura, mantém.
Para compreender eros,
é preciso abrir olhos e coração,
olhar além do instinto,
do desejo,
do imediato,
e aprender que o toque mais profundo
é aquele que transforma,
respeita,
reconhece o outro em si mesmo.
(Este poema foi inspirado nas ideias de Jung sobre eros, sexualidade e a
relação anímica entre os géneros, conforme extraído do livro "Sobre o
Amor".)
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