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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Eros e Além

Confunde-se o toque com posse,

acredita-se que ter é o mesmo que unir.

Mas eros não se entrega ao corpo,

flui por veios invisíveis,

liga almas, separa, reconcilia.

 

Quem se abre a eros tece relações anímicas,

sente o silêncio entre palavras,

o espaço entre desejos.

Quem se prende ao logos busca forma, interesse,

perde a dança que não se mede.

 

O sexo é fugaz, ruidoso, tangível.

Eros é silêncio, atenção, reverberação.

O verdadeiro encontro não acontece no corpo,

mas na presença, na escuta, no cuidado.

 

O amor não se confunde com apropriação,

nem se resume à cópula.

É ponte que liga mundos,

fio que atravessa gerações,

impulso que cria, cura, mantém.

 

Para compreender eros,

é preciso abrir olhos e coração,

olhar além do instinto,

do desejo,

do imediato,

e aprender que o toque mais profundo

é aquele que transforma,

respeita,

reconhece o outro em si mesmo.

 

(Este poema foi inspirado nas ideias de Jung sobre eros, sexualidade e a relação anímica entre os géneros, conforme extraído do livro "Sobre o Amor".)

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