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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Entre Água e Areia

Viviam à beira do deserto,

onde areia e vento escreviam o tempo,

e cada passo era medido

pela lei que guardavam no peito.

 

Banhos que limpavam o corpo

e hinos que elevavam a alma,

uma comunidade sem luxo,

onde tudo se partilhava, nada se retinha.

 

Olhos voltados para o horizonte,

aguardando a batalha final

entre luz e trevas,

esperando os dois messias,

rei e sacerdote da justiça perfeita.

 

Escreviam em pergaminhos silenciosos,

voz que não ecoava nas cidades,

palavras que mantinham

a esperança de um mundo redimido.

 

Entre água e areia,

entre sombra e sol,

viviam fora do tempo do mundo,

mas dentro do tempo de Deus,

na espera paciente do fim dos dias.

 


(Este poema foi inspirado nos essénios, uma comunidade do deserto que vivia em espera e disciplina, dedicada à purificação do corpo e da alma, à partilha e à preparação espiritual para a vinda de um mundo redimido. Procuravam evocar o silêncio, a paciência e a intensidade da vida fora do tempo mundano, guiada por uma lei interior e por uma esperança que transcende os dias.)

 

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