Viviam à beira do deserto,
onde areia e vento escreviam o tempo,
e cada passo era medido
pela lei que guardavam no peito.
Banhos que limpavam o corpo
e hinos que elevavam a alma,
uma comunidade sem luxo,
onde tudo se partilhava, nada se retinha.
Olhos voltados para o horizonte,
aguardando a batalha final
entre luz e trevas,
esperando os dois messias,
rei e sacerdote da justiça perfeita.
Escreviam em pergaminhos silenciosos,
voz que não ecoava nas cidades,
palavras que mantinham
a esperança de um mundo redimido.
Entre água e areia,
entre sombra e sol,
viviam fora do tempo do mundo,
mas dentro do tempo de Deus,
na espera paciente do fim dos dias.
(Este poema foi inspirado nos essénios, uma comunidade
do deserto que vivia em espera e disciplina, dedicada à purificação do corpo e
da alma, à partilha e à preparação espiritual para a vinda de um mundo
redimido. Procuravam evocar o silêncio, a paciência e a intensidade da vida
fora do tempo mundano, guiada por uma lei interior e por uma esperança que
transcende os dias.)
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