Ser de esquerda não é bandeira,
nem cor, nem partido:
é um modo de olhar o outro
e reconhecer-se nele.
É entender que a fome de um
é também a tua;
que a dor que passa na rua
te atravessa o peito,
mesmo que finjas não ver.
Ser de esquerda é caminhar
com o passo dos que ficam para trás;
é dar tempo ao tempo do outro,
é não confundir justiça com vingança,
nem liberdade com poder.
É escolher o “nós”
quando o mundo grita “eu”;
é plantar futuro
onde só crescem muros.
E se por isso te chamarem sonhador,
sorri,
porque o sonho, quando é partilhado,
é o primeiro ato de resistência.
Este poema foi inspirado na frase de Pepe Mujica: “Ser de esquerda é ter
uma posição filosófica perante a vida onde a solidariedade prevalece sobre o
egoísmo”, procurando traduzir, em linguagem poética, a ideia de que a
verdadeira esquerda não é ideologia, mas ética: a escolha consciente de
caminhar com os outros e de transformar o sonho coletivo em ato de humanidade.
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