Antes que os mapas fossem traçados,
a Terra já sabia o nome das estrelas,
os rios falavam com os homens,
as montanhas guardavam conselhos,
e o tempo era uma espiral de fogo e vento.
Vieram depois os que chamaram descoberta
ao gesto de rasgar o silêncio,
levando ouro, línguas, deuses,
e deixando cicatrizes nos nomes antigos.
Mas nada se perde na respiração do mundo,
as pedras ainda cantam,
as sementes ainda recordam,
e há olhos que, ao mirar o céu,
reencontram os passos dos primeiros astrónomos.
Não é o passado que nos chama,
é o que fomos e ainda somos,
pedindo para ser lembrado,
antes que o último canto da floresta
seja também esquecido.
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