Há em cada ser
um abismo entre o que é
e o que sonha ser.
No meio,
a ferida do tempo,
as repetições que não se curam,
a sombra que insiste em acompanhar-nos
mesmo quando chamamos a luz.
Não há pureza no humano;
há tentativa,
queda,
retorno inevitável ao erro.
E ainda assim, é nesse retorno
que se descobre o limite
onde nasce a consciência.
Somos criaturas em disputa,
animais que pensam,
espelhos partidos à procura de sentido.
Talvez o dom mais alto
não seja vencer a sombra,
mas caminhar com ela
enquanto nos revela quem somos.
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