Não se expulsa o velho eu
com gestos grandiosos.
O que se repete habita fundo,
agarrado às paredes da alma.
Cada vício, cada medo,
é um hóspede antigo
que conhece os atalhos da casa.
Não sai pela janela,
é preciso acompanhá-lo à porta,
passo a passo,
sem raiva, sem pressa,
como quem conduz um amigo
até o fim da visita.
E quando enfim a casa se silencia,
não há vitória nem derrota,
apenas espaço,
para que o novo entre
com passos leves.
(Este poema foi inspirado na frase de Mark Twain: “A
gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo
descer a escada, degrau por degrau”, refletindo sobre o processo lento e íntimo
de transformação interior.)
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