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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Metamorfose Silenciosa

Não se expulsa o velho eu

com gestos grandiosos.

O que se repete habita fundo,

agarrado às paredes da alma.

 

Cada vício, cada medo,

é um hóspede antigo

que conhece os atalhos da casa.

 

Não sai pela janela,

é preciso acompanhá-lo à porta,

passo a passo,

sem raiva, sem pressa,

como quem conduz um amigo

até o fim da visita.

 

E quando enfim a casa se silencia,

não há vitória nem derrota,

apenas espaço,

para que o novo entre

com passos leves.

 

 

(Este poema foi inspirado na frase de Mark Twain: “A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau”, refletindo sobre o processo lento e íntimo de transformação interior.)

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