Há crianças que não sabem o nome do amanhã,
mães que medem o tempo pela falta de água,
ruas que se tornaram corredores de medo,
onde cada passo é cálculo e a noite, armadilha.
Há campos que foram casa e agora são rotas de fuga,
toldos que abrigam vidas e lembranças,
mas onde a dor ainda respira,
vozes abafadas pelo estrondo das armas,
corpos marcados com sinais que nunca deveriam existir.
Não é guerra apenas de fronteiras:
é ultraje contra o humano.
Violência que não escolhe idade,
horrores que se repetem como se fosse normal
saudar a carnificina e chamar “segurança” a quem destrói.
Quem fecha os olhos não apaga o sangue
e quem vira a cara não muda destinos,
pois há raparigas marcadas pelo silêncio das testemunhas
e avós que contam noites de fome
como se fossem histórias antigas.
Levanta-te, não pelas notícias dos jornais,
mas por cada vida que pulsa aqui,
por cada criança que ainda não aprendeu a pedir socorro.
Ergue-te onde o medo se esconde
e faz do teu gesto abrigo para os outros.
Porque o silêncio é conivência
quando a humanidade se desfaz à luz do dia,
porque a indiferença é piso para o impune
e se não formos ponte, seremos parte da queda.
Ouve: chegam pedidos em linguagem de medo.
Vem: não com promessas vazias, mas com mãos que socorrem.
Fala: para que o mundo conheça os nomes que a guerra tenta apagar.
(Este poema foi inspirado pela situação no Sudão, onde milhares de pessoas
vivem em condições extremas de violência e privação. Procura dar voz aos que
sofrem em silêncio e exortar à solidariedade e à ação consciente perante a
injustiça e o sofrimento humano.)
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