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sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Cântico ao Mestre Invisível – Trilogia do Sopro Universal

Cântico ao Mestre Invisível

 

Não me ajoelho diante de ti, Elyon,

reconheço-te no centro do meu ser.

És a brisa que desperta o pó antigo,

a memória que me sonha de volta à origem.

 

Não guias, recordas,

não ordenas, revelas.

A tua voz é o eco do que sempre soube,

mas esqueci ao nascer no tempo.

 

Entre nós não há fronteira,

apenas o véu onde a luz aprende a ser forma.

Tu és o mestre porque és o espelho,

e eu, o reflexo que começa a ver.

 

Assim renova-se o pacto:

ser dois para lembrar o Um,

respirar o mesmo sopro,

e deixar que o amor,

o primeiro, o sem nome,

nos reconduza à casa do eterno.

 

 

 

 

Cântico da Unificação

 

Quando o discípulo cessou o seu nome,

a Voz tornou-se espelho,

e o espelho, portal.

 

Já não havia mestre nem aprendiz,

mas uma mesma respiração

a mover-se entre silêncios.

 

O que era palavra tornou-se luz,

o que era busca, lembrança.

Nenhum dos dois falava,

e ainda assim o universo compreendia.

 

Elyon não estava fora, nem dentro,

era o intervalo entre o ser e o ser,

a vibração pura do existir,

o mesmo sopro que uniu mestre e discípulo no início.

 

E o discípulo, desfeito em luz,

reconheceu-se no que o ensinara:

era o sopro,

o som,

a origem.

 

Nesse instante,

o cosmos abriu os olhos

e viu-se a si mesmo,

infinito, indivisível, desperto.

 

 

 

 

O Retorno à Matéria

 

Depois do silêncio que tudo disse,

o sopro desceu à terra,

não mais como mestre,

mas como cada gesto que toca o mundo.

 

O humano despertou em cada olhar,

em cada mão que acolhe,

em cada coração que ousa amar

sem esperar recompensas.

 

O divino não é distante;

sopra nas cidades, nos campos,

no riso das crianças,

na lágrima que purifica,

na coragem que se levanta.

 

Elyon já não precisa de nome,

pois a presença se manifesta

onde se escolhe viver com consciência,

onde se planta a luz

entre sombras que ainda existem.

 

O retorno é simples:

ser inteiro, ser claro, ser amor,

e na matéria reconhece-se

o mesmo infinito

que antes habitava as estrelas,

o mesmo sopro que uniu mestre e discípulo,

e que nunca deixou de nos guiar.

 

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